#03 | A última newsletter escrita na frança
Porque o dia de voltar ao Brasil chega para todos. (socorro!)
Houve um momento no meu planejamento onde essa newsletter seria sobre a minha leitura de Gallant e o quanto a escrita da V.E. Schwab me impacta. Acontece que, depois de 2 meses em Paris, eu esqueci completamente que eu não morava aqui e que ainda tinha toda uma vida me esperando no Brasil.
Morar em Paris foi um sonho.
E quando eu digo isso, não me refiro a cidade em si, mas as experiências que ela consegue te proporcionar. Paris é muito mais do que seus pontos turísticos, do que a Mona Lisa… é sobre cada café escondido em ruelas que você jamais encontraria se não se perdesse. É sobre pessoas que você não teria a oportunidade de conhecer se não abraçasse o desafio de viver em uma cidade sem falar a sua língua.
Morar em Paris foi um sonho que eu nunca imaginei que eu pudesse realidade. Uma menina do interior do estado do Rio de Janeiro, sem grandes ambições e um dia a dia muito pacato. Eu nunca ousei pensar que eu poderia dar um passo tão grance, até o dia em que isso mudo. E aqui estou.
Sendo bem honesta: eu não sei se consigo escrever essa newsletter inteira sem chorar. Primeiro porque eu descobri em Paris uma paz que eu nunca senti antes. Uma casa para chamar de minha, mesmo sabendo que aqui eu não tinha um endereço fixo. Um lugar que me acolheu durante 60 dias, mesmo quando eu tinha tudo para ser expurgada daqui.
“Ah, brasileira? Você gosta de abraços, né?” Sim, eu gosto de abraços. E ganhei muitos por onde eu passei. De pessoas que hoje, com muito carinho, eu chamo de família.
Eu tive a oportunidade de conhecer e apreciar outras culturas, porque no final, a frança acaba não sendo apenas sobre os frances, mas também sobre todas as outras pessoas que passam por aqui, seja a passeio (como eu) ou para ficar (como muitos dos meus amigos).
Quando eu decidi que eu queria fazer essa viagem, a única certeza que eu tinha era que depois dela eu seria uma pessoa completamente diferente. A questão é que sonhar com a mudança é muito diferente de viver a mudança em si… e não tem planejamento no mundo que te prepare para encarar as verdades sobre o mundo e sobre você.
Não estão errados quando dizem que a gente só realmente começa a viver quando começa a viajar, sabe? Porque eu só fui capaz de me entender e entender aquilo que eu queria, quando coloquei os pés para fora daquele avião no dia 10 de abril de 2022.
Existe uma coisa mágica sobre sair da sua zona de conforto e se jogar no desconhecido que as pessoas não falam muito. Porque eu poderia, muito bem, ter continuado em Barra Mansa, trancada no meu quarto visitando Paris através de Anna e o Beijo Francês. Mas aqui estou, vivendo o livro.
Esse e-mail é uma grande carta de despedida a essa cidade que me acolheu e me ensinou tanto nos últimos 2 meses. Eu cheguei aqui uma Débora completamente diferente da que está indo embora e Paris é a grande responsável por tudo.
E eu estou chorando. Muito.
Chorando porque essa é uma experiência que eu não queria que acabasse. Porque eu queria só mais um dia, e mais um dia, e mais um dia vivendo um novo aprendizado e conhecendo novas pessoas. Porque eu construí alguma coisa aqui, ainda que eu não consiga colocar um nome.
Eu nem consigo acreditar que essa é a terceira — e última — newsletter na frança, considerando que isso nasceu aqui, de uma inspiração que eu ganhei aqui. Aliás, a força de vontade de escrever o meu romance também veio daqui. Porque essa cidade (e essas pessoas) me fizeram entender o quanto os meus sonhos e desejos são importantes.
E no fim, minhas ladys, eu só posso ser grata por cada um dos 60 dias que eu fiquei nesse lugar. Por cada ventinho que eu vi bagunçar a grama, por cada dia de sol sentada no parque, por cada amigo e por cada sonho que se enraizou dentro de mim aqui, em solo francês.
Um livro que você deveria ler
Anna e o Beijo Francês • ver livro
Anna Oliphant não está nada entusiasmada com a ideia de se mudar para Paris. Porém, seu pai, um famoso escritor norte-americano, decidiu enviá-la para um colégio interno na Cidade Luz. Anna prefere ficar em Atlanta, onde tem um bom emprego, sua fiel melhor amiga e um namoro prestes a acontecer. Mas, ao chegar a Paris, ela conhece Étienne St. Clair, um rapaz inteligente, charmoso e bonito, que além de muitas qualidades, tem uma namorada...
Anna e Étienne se aproximam e as coisas ficam mais complicadas. Será que um ano inteiro de desencontros em Paris terminará com o esperado beijo francês? Ou certas coisas simplesmente não estão destinadas a acontecer?
Você também pode gostar de:
O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumás
Chérri, de Collete
Enchanté, by Gita Trelease
A biblioteca de Paris, de Janet Skeslien Charles
alguns links legais
🔗 Eu queria compartilhar um texto da maki chamado “cada escolha, uma renúncia”. ultimamente eu tenho tido a vontade de abraçar muitos projetos e, infelizmente, eu sou uma pessoa só e não consigo fazer tudo ao mesmo tempo. Sendo assim, eventualmente eu tenho que abrir mão de algumas coisas e colocar projetos para frente e esse texto me ajudou muito a fazer as pazes com isso.
🎶 E essa última newsletter em Paris não poderia existir sem uma playlist para vocês se imaginarem caminhando perto de Notre-Dame indo na direção da Shakespeare & Company comprar mais livros.
“And in the end we were all just humans.. drunk on the idea that love, only love, could heal our brokenness.” — F.Scott Fitzgerald
e assim terminamos a nossa terceira newsletter. não esquece de me contar nos comentários se gostou, ok?
Com carinho,
Morro de vontade de ir para Austrália, conhecer aquele pequeno País que já fez uma morada tão grande dentro de mim, vi na sua escrita, um futuro que quero para mim, anseio por essa transformação, por conhecer aquele lugar e saber que mudou algo em mim <3 Paris te transformou, mas tenho certeza que você mudou um pouquinho de Paris, e quando as coisas nos marcam assim , nunca é um adeus, apenas um até logo.