#01 | Um mês vivendo como a Anna Oliphant em Paris
E a única diferença é que eu não estou em um colégio interno como ela.
Eu tenho certeza de que se essa primeira newsletter fosse sobre qualquer outra coisa que não Paris, vocês iriam me matar.
Hoje, dia 10 de Maio, o momento em que eu estou escrevendo isso, completa um mês inteiro que eu caminho pelas ruas dessa cidade com a mesma curiosidade e incerteza que a Anna quando o pai dela decidiu que era uma boa ideia mandar a filha para um colégio interno em Paris.
Todo mundo me pergunta porque Paris, considerando que eu sempre achei que fosse mais uma “London girl” e, para ser bem sincera neste primeiro e-mail: eu não sei.
Eu lembro que na virada de 2021 para 2022, eu prometi para mim mesma que essa viagem aconteceria no dia 9 de abril. E que precisava ser dia 9 de abril. Depois disso foi tudo meio aos trancos e barrancos. Uma semana antes de embarcar eu não tinha um centavo que fosse para fazer essa viagem e, eu não estou brincando quando digo que acreditei muito que Deus queria essa viagem pra mim, porque só fé consegue explicar como tudo isso aqui acabou dando certo.
E aqui eu estou, sentada num café parisiense, escrevendo esse e-mail e pensando que eu vivi 29 anos nos últimos 29 dias tal qual a Anna nos livros, quando chegou aqui.
Posso dizer que é um pouco fora da minha realidade pensar que eu tive a oportunidade de seguir os passos de uma das minhas personagens favoritas na vida real?
Eu passo todos os dias na frente do Le Champo, tomo café da manhã ao lado do Pére-Lachaise e costumo jantar olhando o sol se por sob Notre-Dame. Todas as coisas que a Anna fez na ficção, eu tive a oportunidade de fazer na vida real, inclusive me apaixonar.
“How many times can our emotions be tied to someone else's - be pulled and stretched and twisted - before they snap? Before they can never be mended again?” ― Stephanie Perkins, Anna and the French Kiss
Nós nunca pensamos o quão poderosos livros podem ser até cairmos dentro de um na vida real.
Sempre que eu falo que adoro ler romances ou que livros são uma grande parte de quem eu sou, as pessoas entendem que eu vivo num mundo de fantasias. Mas não são histórias baseadas em experiências reais e honestas? Eu sempre ouvi que seria impossível viver uma grande história de amor em Paris, assim como nos livros, e aqui estou eu: vivendo uma.
A primeira vez que eu li Anna e o Beijo Francês, eu jamais poderia imaginar o impacto que esse livro poderia ter na minha vida.
Foi o livro que inspirou o “La Oliphant”, mesmo quando todo mundo me dizia que colocar um nome que não fosse em português seria uma péssima escolha.
Eu reli esse livro todas as vezes que eu senti que não tinha um lugar pra mim no mundo, porque andar nas ruas fictícias de Paris tem o mesmo efeito que andar nelas de verdade: é inspirador.
Eu entendi que quanto mais eu me conhecia e entendia o que eu queria, menos as coisas do mundo me incomodavam. E olha que eu sempre fui uma pessoa com muitas influencias indesejadas, viu?
Eu aprendi que casa pode não ser um lugar e sim uma pessoa. E essa pessoa não precisa ser um príncipe encantado, pode ser eu mesma. Acima de tudo, eu.
Eu me apaixonei de verdade, pela primeira vez, entre o cinema Le Champo e a Igreja Etienné Du Mont, numa rua chamada Valette onde o Louis XIV tinha um prostíbulo (não é muito romântico, é?).
Foi o livro que me fez entender que a vida é um pouco mais do que eu sempre fui ensinada a acreditar que ela. Que o tempo passa e muitas vezes a gente deixa passar oportunidades incríveis simplesmente porque elas são muito fora da nossa zona de conforto.
Eu tive oportunidade de conhecer e viver muitas coisas nessa cidade e não acho que nada disso seria possível se, anos atrás, eu não tivesse vasculhado uma livraria atrás de uma cópia de Anna e o Beijo e Francês. O que me leva de volta ao inicio da divagação desse e-mail: o quão livros podem ser poderosos. E o quanto eu acho que a gente esquece disso às vezes.
“I have the strangest feeling that he's aware of me as I am of him.” ― Stephanie Perkins, Anna and the French Kiss
E com isso eu preciso dizer que morar em Paris nessas últimas semanas tem sido uma grande aventura e inspiração. Foi o que me fez entender o quanto o que eu realmente quero precisa se tornar a minha prioridade e o quando meu romance precisa deixar de ser apenas um sonho.
Afinal, se eu consegui trazer essa minha bunda magrela pra Paris, eu consigo terminar de escrever um romance de época, né?
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Gallant, da V. E. Schwab - 19%
Uma carta leva Olivia a Gallant, um local que a apresenta a um sombrio e perigoso mundo paralelo — e que pode ter a ver com a história da sua família.
Encontrei Gallant na minha última visita a Shakespeare & Company aqui em Paris e, se você me acompanha pelo menos nos últimos 5 anos, sabe que eu sou acompletamente apaixonada por qualquer coisa que a V. E. Schwab escreve e esse livro era uma obrigatoriedade na minha estante.
Existe uma coisa muito gostosa na atmosfera sombria e taciturna da escrita Schwab e isso fica ainda mais forte em Gallant, onde a nossa protagonista (Olivia) é muda, órfã e assombrada por espíritos que até onde ela sabe, não podem tocá-la.
Eu gosto muito de como a V. E. Schwab consegue construir um universo fantástico e ainda manter o protagonista do livro no centro de tudo. Por mais que nós tenhamos mistérios e outras coisas acontecendo a volta do enredo, é sempre sobre como o personagem reage diante dos acontecimentos impostos. Não sei vocês, mas esse é o meu tipo favorito de enredo.
Apesar de ainda estar muito no começo, a narrativa de Gallant nos transporta para o universo de Olivia logo na frase de abertura. Tem muito o que se descobrir sobre essa personagem: o que aconteceu com os pais dela? sua mãe está viva? o que são essas sombras que ela enxerga? que segredos estão escondidos em Gallant?
Também preciso compartilhar nesse update que eu estou me sentindo aliviada por ter feito as pazes com meu novo ritmo de leitura. Eu sempre gostei de ler rápido, mas poder saborear uma história como Gallant aos poucos tem sido maravilhoso.
Às vezes a gente se cobra muito de ler muitos livros e ler muito rápido, né? Pelo menos, eu me cobrava. Estou feliz de estar conseguindo aproveitar uma história sem precisar me preocupar com quando eu vou terminar de ler.
leituras que você pode gostar
A vida invisível de Addie LaRue, da V. E. Schwab
Waking Up With the Duke, da Lorraine Heath
Her Night with the Duke, da Diana Quincy
O Duque Perdido, da Karina Heid
Something About You, da Julie James
alguns links legais
🎧 Descobri que a Sarah MacLean tem um podcast maravilhoso chamado “Fated Mates” onde ela fala sobre romances e seus enredos de uma forma muito inspiradora. Pra mim, que estou escrevendo meu primeiro romance, o podcast tem sido uma grande fonte de informação e me ajudado a entender pontos da minha história que eu preciso dar atenção. você pode acessar o podcast clicando aqui.
🎧 Pra quem gosta de ouvir música enquanto está lendo, principalmente se esse livro é um romance de época, eu tinha uma nova playlist favorita no youtube, inspirada em no filme Emma (2019).
📖 E para você que está se debatendo internamente sobre qual vai ser a sua próxima leitura, o Book Riot fez uma lista com 20 livros de ficção histórica que com certeza vai ter uma sugestão de leitura maravilhosa pra você.
e assim terminamos a nossa primeira newsletter. não esquece de me contar se gostou, ok?
Com carinho,
Que texto mais lindo, fico tão feliz por você estar vivendo essa experiência <3 São coisas assim que me fazem levar o dia com uma maior leveza!
Amo seguir passos de um personagem por algum lugar, esse mês tive a chance. Quero voltar a Paris, estive perto…